sábado, 19 de fevereiro de 2011

Vigiar e Punir - A atuação da Polícia no Brasil

Foto: G1

Pelo menos dois ônibus foram incendiados, até as 18h deste sábado (19/02), na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil). O primeiro ônibus era da linha 4107 e fazia o trecho Alto Caiçara – Serra, em BH, e o segundo ônibus incendiado era o 9031, que traçava a linha Nossa Senhora de Fátima – Centro. Os veículos foram queimados depois que dois moradores foram mortos em uma troca de tiros com a polícia, durante a última madrugada.

Ninguém se feriu com a queima dos ônibus e o Corpo de Bombeiros foi chamado para apagar o fogo. Segundo informações da Polícia Militar (PM) de Belo Horizonte, durante uma patrulha feita na região os militares encontraram cerca de 20 suspeitos com fardas do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e da PM. Na troca de tiros entre o grupo e os policiais, dois homens morreram, sendo um deles menor de idade, e um policial se feriu.

Um morador da região onde aconteceu o confronto, mantendo identidade reservada, conta que os policiais mataram duas pessoas que eram inocentes e, depois, plantaram as fardas para incriminá-las. “Eles não eram bandidos”, afirmou o morador, contando como age a PM no bairro Serra.

Segundo ele, a ação é o contrário do esperado. (Como era de se imaginar...).
Disse o morador: “Os policiais aterrorizam a comunidade. Agem brutalmente, colocam a metralhadora na cabeça dos moradores sem pedir identificação”, completando: “Pessoas corriam a noite inteira, com medo. Ninguém conseguiu dormir. A gente ouviu barulho de tiros e helicóptero o tempo todo. O clima é de revolta e de medo porque a polícia não passa segurança”.

Com relação às denúncias populares sobre como atuam os policiais no bairro Serra, a Corregedoria da Polícia Militar informou que abrirá um inquérito para averiguar a situação. Sobre a presença do “Poder Paralelo”, denunciada pelos moradores, a PM afirmou que “desconhece as denúncias dos moradores e que a patrulha estava na região fazendo ronda”. As denúncias contra atuação da Polícia Militar podem ser feitas pelo número 181 ou na própria Corregedoria da PM.

Me lembro de formas diferentes de extermínio, praticadas ao longo do tempo, e quantas formas de extermínio são criadas por dia pelas Corporações.

"Quase sem tocar o corpo, a guilhotina suprime a vida, tal como a prisão
suprime a liberdade, ou uma multa tira os bens. Ela aplica a lei não tanto a um corpo real e susceptível de dor quanto a um sujeito jurídico, detentor, entre outros direitos, do de existir."

(Michel Foucault - "Vigiar e Punir":
http://www.sociedadedespertalista.org.br/arquivos/foucault_vigiar_e_punir.pdf ) - Copie e cole este endereço no seu navegador. Ou clique no título do Post para baixar o livro virtual.

Um comentário:

  1. Com relação aos homicídios cometidos pela Polícia Militar em Belo Horizonte posso dar um depoimento pessoal. Moro a uma quadra da favela tratada na mídia como "aglomerado da Serra". Aglomerado é um nome até sutil para a realidade vivida pelas pessoas que se amontoam em barracos e sobem ladeiras de inclinação inacreditável para chegar em casa. Apesar disso são detentores da mais bela vista de Belo Horizonte.
    Voltando ao assunto em voga, conheço bem a favela. Como bom jornalista não pude deixar de acompanhar as divulgações na mídia e, como bom vizinho, fui conferir com meus próprios olhos. O tráfego de drogas continua, uma vez que o arrego pago pelos bandidos é fundamental para as campanhas de inúmeros políticos. Obviamente não possuo provas do que digo, mas é perceptível o poder que influencia e deixa os bandidos trabalharem livremente. Na boca de fumo que fica a dois quarteirões da minha casa é possível ver crianças de ambos os sexos, aparentando 12 anos no máximo, trabalhando em regime semi-escravo. Obrigadas? Não, elas gostam do que fazem.
    A polícia passa. Passa até demais. Passa para recolher o arrego ou a propina de algum playboy. Os bandidos têm olheiros, rádios de comunicação, pipas e foguetes. Nada acontece por acaso.
    O fato é que, à parte ao teatro dos loucos, a comunidade é composta por gente digna, trabalhadora e honesta. Gente que não gosta de bandido e nem de polícia. Gente que vai fazer o que? Gente que vai queimar quantos ônibus forem precisos para protestar contra a morte de um inocente. Gente que vai gritar, tomar tiro de bala de borracha e fazer faixas. Gente que daqui a pouquíssimo tempo já esqueceu. Esqueceu? Não. Esquece quem bate, quem apanha guarda bem na memória. Se a polícia protege, quem me protege da polícia?

    #prontofalei

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